Italo Ferreira se prepara para 2025 e relembra vice-campeonato na WSL: “não perdi de maneira alguma”
O surfista brasileiro Italo Ferreira é uma das estrelas que aguardam o início do Championship Tour da WSL no Havaí. Em entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (23), o atleta relembrou a campanha do ano passado, analisou a etapa de Pipeline que começa nesta segunda-feira (27), e projetou a briga pelo título mundial em 2025.
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Falando sobre as expetativas para a nova temporada, o brasileiro se mostrou animado com as etapas da elite.
– Cheguei muito perto no ano passado e isso me traz mais vontade de vencer nesse ano. O Circuito mudou, inverteu o calendário e dá pra começar muito bem. Venho treinando muito forte nos últimos três meses e isso me deixou muito confiante. Deixei dúvidas (em 2024) e, quando isso acontece, nunca vem para o meu lado (risos) – explicou Italo.
A corrida do ano passado foi de sucesso para Ferreira. Ele venceu duas etapas e chegou ao Finals na Califórnia.
– A minha bateria favorita de 2024 foi no Taiti, contra o John John Florence (final vencida pelo brasileiro). A etapa que mais me marcou foi a do Rio de Janeiro (final em Saquarema vencida contra Yago Dora) porque é uma torcida que não tem em nenhum outro lugar no mundo, aonde sempre sonhamos em vencer (…) e foi uma das vezes que meu pai me viu vencer – comentou.
Italo é conhecido por sua potência em aéreos e se sente confortável com o movimento. Mesmo assim, entende que precisa se adaptar a outros estilos de onda durante as disputas na WSL.
– É uma manobra muito boa, impressiona todo mundo. Às vezes, (os juízes) preferem outros tipos que não são tão legais. Eu gosto deste tipo de surfe, consigo executar todo tipo de manobra em qualquer condição. Me preparei muito para aprender a pegar tubos, venho de um lugar (Bahia Formosa) que não tem tanta onda, diferente de alguém que já vive aqui no Havaí, que surfa naturalmente. É sempre um desafio iniciar o campeonato no Havaí, que tem ondas grandes e te assusta por ser muito raso e perigoso. Me preparei há bastante tempo para que pudesse me sentir confortável e favorito neste tipo de onda (tubular). Venci Pipeline e Teahupo’o, a próxima vai ser Fiji para completar a sequência. A galera falava que eu só era bom em ondas pequenas, então gosto desse tipo de brincadeira porque me motiva – disse o brasileiro.
A mudança no local do Finals gerou grande repercussão no mundo do surfe. Fãs e atletas, em sua grande maioria, aprovaram a decisão da WSL em sediar a decisão do título mundial nas ondas de Cloudbreak, Fiji.
– É uma onda que te desafia, dependendo das condições. Um dos melhores locais do mundo para fazer uma competição, acredito que o Finals pode ser muito positivo. Nos últimos anos, tivemos o Finals na Califórnia, onde teve bastante entretenimento. Mudando pra Fiji, desafia um pouco mais. Tenho alguns bons resultados, venho me dedicando ainda mais para a (onda de) esquerda – explicou Italo.
O brasileiro foi questionado pelo ENM sobre a preparação para uma temporada com um curto espaço de tempo entre a primeira e a última etapa.
– Os planos mudam na hora que se tira uma etapa do Havaí, porque é um lugar que exige mais condicionamento físico. Agora, saímos de Pipeline para a piscina de ondas, onde muda todo o rendimento e a alimentação para ficar mais leve e rápido. Venho me preparando nas últimas semanas, tenho vários picos durante o período de competição em tão pouco tempo. Meu corpo consegue se adaptar rápido a essas mudanças. Mudando o calendário, fica mais desafiador, mas muito mais prazeroso por estar competindo o tempo inteiro. Prefiro dessa maneira para não perder o flow – analisou Ferreira.
Na hora de refletir o que a temporada anterior ajudou para o início da corrida em Pipeline, Italo revelou que está pronto para dar um passo a frente e melhorar o resultado final.
– Foi um ano de altos e baixos. Cheguei a quase ser rebaixado e a quase ser campeão do mundo. Agora, troca o calendário, algumas ondas, e isso me motiva cada vez mais. Cheguei muito perto (em 2024) e isso me deixa com mais vontade de trabalhar para que eu possa vencer esse ano. Dei um break (depois do finals), se eu quiser ser campeão do mundo, preciso treinar duas vezes mais. Não posso deixar dúvidas em momento nenhum. Venho muito bem física e mentalmente e isso é muito importante em um esporte individual.
Italo foi questionado sobre a relação com Pipeline, pico que rendeu o título mundial de 2019, e sobre a alteração da etapa havaiana no calendário da WSL.
– Prefiro fechar o Tour em Pipeline. Era muito mais divertido, porque você vinha em uma sequência e tinha que terminar o ano em Pipe e sempre foi um grande desafio para os surfistas. Me sinto mais confortável (hoje em dia) independentemente das condições, consigo me adaptar com o equipamento e surfar em ondas maiores.
Italo perdeu o Finals de 2024 para John John Florence, havaiano que será ausência em 2025, assim como Gabriel Medina.
– Foi decidido no detalhe. O John John (Florence) teve uma performance consistente ao longo do ano, mas não perdi para ele de maneira alguma (no Finals). Tenho isso muito claro na cabeça, ele só saiu com o troféu, mas eu também o pegarei, não tem problema. É por isso que estou treinando e me dedicando cada vez mais. É claro que a gente perde força com as saídas de Gabriel (Medina) e John John. São dois atletas que entram no grupo dos completos. Temos novos atletas que são bons e que podem jogar gasolina nesse fogo (Circuito Mundial da WSL). Vai ser muito legal, independente de quem vai estar ou não. O CT vem melhorando a cada ano e isso motiva os atletas. (Tenho) o objetivo de ser campeão mundial.
O novo calendário tem uma reta final de etapas da temporada regular que conta com Jeffrey’s Bay e com Teahupo’o, antes do Finals em Fiji. Italo analisou a mudança e comentou sobre a diferença entre os surfistas regular e goofy.
– Inverte tudo lá no final da temporada, todo mundo indo para a (onda de) esquerdas. Os regulars vão entender como funciona, porque eles vão para a direita o ano inteiro e isso acaba forçando a surfar só para um lado. Quando tem esquerda, tento aproveitar ao máximo. Finalizamos (em duas ondas) para a esquerda, onde os goofys podem fazer um estrago. São duas grandes etapas para finalizar a temporada e me consagrando campeão do mundo seria algo surreal. É um objetivo a ser pensado, mas é algo mais para frente. O calendário é longo e exige muito, se ficar mentalizando o que pode ser feito em outro momento, acaba saindo do presente e isso pode atrapalhar.
Um surfista tem responsabilidades dentro e fora d’água. Patrocinado pela Red Bull e próximo de anunciar uma nova parceria com a Nike, Italo vive grande momento na aérea do marketing.
– Cuido muito da minha imagem. O que mais me motiva é inspirar as crianças com o meu instituto ou em qualquer outro lugar. Vivo de ser um atleta profissional, não bebo ou fumo. Não me envolvo com coisas que podem prejudicar aquelas marcas que escolho representar. (…) Quero sempre fazer tudo com muita intensidade, não tenho medo de morrer e quero que as pessoas se lembrem do Italo atleta que se dedicava às competiçoes e se entregava 100% ao que ele queria. Se eu pudesse falar “vou parar”, faria super feliz porque nunca imaginei que fosse chegar aqui (titulo mundial e ouro olímpico) – concluiu o atleta.
Italo Ferreira é um dos 11 surfistas brasileiros classificados ao Championship Tour da WSL. A Brazilian Storm deve começar o ano com dez representantes na categoria masculina, já que Medina se lesionou e está fora da etapa em Pipeline.