Fórmula 1: o que dá pra tirar da 1ª corrida da temporada

Publicado em 16/03/2025 às 14:52
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Se as apresentações e os testes pré-temporada, os treinos livres e a classificação foram suficientes para levantar projeções sobre a temporada 2025 de Fórmula 1, a corrida de estreia que ocorreu na Austrália, no Circuito de Melbourne no último domingo (16), foi suficiente para desenhar impressões ainda mais detalhadas sobre os pilotos – e as equipes. Confira o que mais chamou atenção dos torcedores e especialistas na corrida de estreia.

McLaren: Ainda soberana?

Vindo da pole position, o piloto inglês Lando Norris iniciou a temporada da melhor forma possível, conquistando a 5ª vitória da sua carreira. Até os momentos finais, parecia que o desfecho da corrida seria o mesmo da Quali no sábado e até da última corrida da temporada, em Abu Dhabi: uma perfeita dobradinha McLaren no pódio, com Norris campeão e Oscar Piastri vice.

Piastri largou na 3ª posição, mas após um incomum erro de Max Verstappen (Red Bull Racing), assumiu a vice-liderança e esteve a menos de 3 décimos de distância de Norris, quando foi instruído a segurar a posição. Piastri rebateu: “Eu estou mais rápido, mas ok”, porém aceitou as instruções. Minutos depois, com uma diferença considerável, Zak Brown avisou que estava liberado para disputar posições.

No entanto, os últimos momentos promoveram uma virada de eventos para o piloto australiano em sua home race. Com a chuva, ambas as Mclarens atingiram a zebra ao mesmo tempo. Norris, que estava na liderança, conseguiu se manter na pista, mas Piastri rodou e foi parar na grama. 

O piloto ainda conseguiu voltar para a pista, parar nos boxes e retornar para a corrida na 13ª posição, embalado pelos gritos da torcida australiana. Porém, com o safety car na pista, Piastri não pode ultrapassar por alguns minutos, terminando a corrida apenas na 9ª posição.

Apesar de o resultado não ter sido o melhor para ambos os pilotos, a atual campeã do campeonato de construtores mostrou que continua na disputa esse ano, com uma boa gestão de pneus e pit stops em uma pista e tempo instável na Austrália. Mérito também para Lando Norris, que largou bem, defendeu a liderança e soube manter os pneus estáveis, mesmo com as variações de temperatura e velocidade.

Verstappen e a Red Bull: os problemas persistem

Já não é novidade que a dominância técnica da Red Bull é coisa do passado: a equipe perdeu qualidade depois do verão de 2024, voltando com um carro mais instável e inferior ao que vinha mostrando nos últimos anos. Ainda assim, aos trancos e barrancos, Max Verstappen garantiu seu 4º título, de forma consecutiva, se mantendo sempre na zona de pontuação.

O atual campeão iniciou a temporada de 2025 com o discurso agora já conhecido, afirmando que o carro estava ruim e que seria difícil extrair bons resultados. Na prática, porém, Verstappen demonstrou solidez nos resultados, largando e terminando a corrida na 2ª posição. 

O holândes conseguiu defender bem sua posição pela maior parte da corrida, quando um erro facilitou a passagem de Piastri. A diferença entre Verstappen e os pilotos da McLaren chegou a ser de mais de 15 segundos, com os pneus claramente desgastados pela pista e um carro instável na chuva.

No entanto, o piloto fez valer sua experiência e habilidade, voltando mais forte após a troca de pneus e chegando perto de ultrapassar Norris antes da bandeirada final.

O novato da Red Bull, Liam Lawson, não teve a mesma performance. Após uma qualificação ruim, o neozelandês esteve nas últimas posições durante a maior parte da corrida. Após a chuva repentina que obrigou as equipes a ajustarem os carros e bagunçou o grid, Lawson chegou a ocupar a 6ª posição, mas acabou rodando em meio a chuva e não terminou a corrida.

A disparidade mostra que os pontos conquistados pela Red Bull na primeira corrida do ano se devem, acima de tudo, à habilidade de Max Verstappen.

Mercedes: consistente e sempre

A equipe Mercedes, que terminou a última temporada como alvo de muitas críticas em relação à qualidade dos carros, fez uma estreia consistente na Austrália, que demonstrou uma evolução técnica da equipe. 

Sem muitas dificuldades durante a corrida, George Russell se manteve estável e controlado durante toda a corrida, sem ultrapassar e sem ser ultrapassado. O incidente de Piastri, no entanto, fez com que o britânico herdasse a 3ª posição, garantindo o pódio na estreia.

A maior surpresa da Mercedes foi o novato Kimi Antonelli. O italiano de 18 anos veio de uma qualificação ruim, largando no último pelotão. No entanto, Antonelli foi o único rookie a conseguir se manter na pista. 

Se aproveitando da instabilidade causada pela chuva e da própria habilidade com ela que já é conhecido por ter, o italiano escalou o grid de forma gradual até chegar a 4ª posição, sendo o segundo piloto mais jovem a pontuar em uma estreia na história. 

Ele chegou a ser penalizado com 5 segundos com um incidente relativo ao Safety Car, mas a FIA retificou a punição. Não é exagero dizer que o jovem piloto aumentou ainda mais as expectativas em relação a sua temporada de estreia na Fórmula 1.

Bortoleto e Sauber: primeiras impressões

Após uma classificação surpreendente, o brasileiro Gabriel Bortoletto largou na 15ª posição. Em meio a abandonos por parte de quase todos os novatos, o paulistano de 20 anos conseguiu manter seu carro estável durante boa parte da corrida, sem fazer ultrapassagens ou ser ultrapassado.

No meio da corrida, um suposto problema no freio traseiro da Sauber do brasileiro foi reportado, mas acreditava-se que  havia sido resolvido. No entanto, nas últimas voltas, o freio falhou e o brasileiro saiu da pista, chocando contra a barreira e perdendo a suspensão de seu carro.

O campeão da Fórmula 2 2024 tem como maior desafio a qualidade inferior da Sauber, com um carro instável e erros no pitstop. Ainda assim, o novato surpreende por sua habilidade de extrair o melhor com o carro limitado.

Ferrari e Hamilton: fim da lua de mel?

Mesmo que para a primeira corrida, a tabela do campeonato de pilotos após o GP da Austrália assusta: a Ferrari pontuou menos que a Sauber no último domingo (16). É a pior estreia da escuderia desde 2009. 

Após dificuldades serem relatadas tanto por Lewis Hamilton como por Charles Leclerc nos treinos e na classificação, a equipe italiana garantiu que havia preparado os carros para a pista molhada que era quase uma certeza no GP da Austrália. 

Porém, na hora de mostrar que o drama de 2024 ficou no passado, a escuderia entregou carros – e performances – preocupantes para os torcedores.

Ambos os pilotos da equipe começaram e terminaram a corrida em posições abaixo do esperado pelos tifosi. Com a variação no clima, a Ferrari escolheu não parar no pitstop para adequar os pneus para a chuva, e Lewis Hamilton reclamou: “Não sei, pessoal, com esse pneu duro vai ser difícil.”

Hamilton e Leclerc chegaram a ocupar P1 e P2 quando a maioria dos pilotos foram para o box, mas perderam as posições rapidamente devido aos pneus inadequados e carros desequilibrados. O piloto inglês ainda tentou, por longos minutos, ultrapassar Alexander Albon em sua Williams, mas acabou terminando na 10ª posição. Já o monegasco finalizou a corrida em P8.

É cedo para dizer se o sonhado 8º título do heptacampeão é um sonho impossível, mas a estreia deixou claro que a equipe mais tradicional do grid precisa de mudanças técnicas e na estratégia.

Outros destaques

Como se é típico de uma corrida com chuva, o P10 final foi incomum, com Lance Stroll (Aston Martin) e  Nico Hulkenberg (Kick Sauber) conquistando a 6ª e a 7ª posição, respectivamente. Outra grande surpresa foi a performance de Alex Albon, que garantiu um P5 para a Williams após anos. O novo e ilustre contratado da Williams, Carlos Sainz, rodou no meio da corrida, mas demonstrou uma performance estável nos treinos e na Quali.

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