Surfe olímpico em Trestles: análise dos favoritos e da escolha do local

Clique aqui e escute a matéria
O surfe dos Jogos Olímpicos Los Angeles 2028 ganhou um palco nesta terça-feira (15). O Comitê Olímpico Internacional (COI) oficializou a praia de Trestles, na Califórnia, como local de disputa da modalidade de pranchas.
Sucesso imediato desde a estreia no programa olímpico em Tóquio, o surfe chega a LA para sua terceira edição, com o Brasil dominando o quadro de medalhas. Italo Ferreira, com o ouro, Tatiana Weston-Webb, com a prata, e Gabriel Medina, bronze em Paris, são os representantes da Brazilian Storm que subiram no pódio.
A decisão de sediar o evento em Trestles parecia ser a mais a mais provável, no entanto, arriscada. Existia a remota possibilidade da etapa de surfe das Olimpíadas ser disputada em uma piscina de ondas em Lemoore, também na Califórnia. O pico escolhido pelo COI foi palco dos últimos quatro WSL Finals e gerou muitas críticas do público. Não por acaso, a liga alterou o cronograma e transferiu a etapa que coroa os campeões mundiais para Fiji.
Trestles é uma onda fraca, que tem poucos dias intensos com boas condições. No entanto, o que pesa a favor do pico é a constante formação das marolas, com poucos dias off no histórico da etapa da WSL. Depois do que foi visto em Teahupo’o, com baterias sendo decididas pela falta de ondas e não pela qualidade dos surfistas, os organizadores das Olimpíadas foram muito criticados pela forma como administraram a disputa de medalhas.
Outra opção que rondava os debates do local do surfe em LA28 era Huntington Beach, também na Califórnia, que já foi palco de etapas da elite da WSL. Entre os picos candidatos, o COI escolheu aquele mais tradicional para manter a disputa em ondas naturais no mar.
Ainda sem surfistas classificados, as Olimpíadas de Los Angeles prometem equilíbrio e brasileiros com menos favoritismo. Apesar de Filipe Toledo ser considerado “rei de Trestles” e muito favorito no pico, em geral, o Brasil não tem tantos nomes capazes de conquistar um título no local. Gabriel Medina venceu o mundial da WSL em 2021, surfando como líder do ranking em Trestles, uma situação completamente distinta do que é visto nas Olimpíadas. Seu histórico em etapas tradicionais nos Estados Unidos, assim como o de Italo Ferreira, não é muito positivo.
Para se garantir nos Jogos de 2028, os surfistas ainda aguardam a disputa do Championship Tour da WSL em 2027. Uma segunda chance surge no ISA Games na mesma temporada das Olimpíadas, a ser disputado nos primeiros meses de 2028. Esta deve ser a forma de classificação na próxima edição, baseado em como as últimas duas disputas foram organizadas.
O grupo de atletas de San Clemente, cidade mais próxima da praia de Trestles, tem nomes que fazem sucesso na WSL. Os irmãos Griffin e Crosby Colapinto e Cole Houshmand são os três principais surfistas que representam os Estados Unidos nas etapas da elite do esporte. Teoricamente, a equipe norte-americana desponta como favorita atuando em casa. O problema é que a regra das Olimpíadas permite apenas dois competidores por país em cada categoria. A exceção, vista no time brasileiro em 2024, só existe quando a equipe garante um nome extra a partir dos resultados alcançados no ISA Games.
Além disso, o histórico do WSL Finals afasta um pouco a ideia de Griffin Colapinto, o mais experiente dos três citados, ser considerado o principal candidato a medalhas em Trestles. Em duas etapas disputadas na Califórnia, Griffin foi eliminado na estreia de ambas, e sua capacidade de lidar com a pressão foi muito questionada.
Uma diferença entre a WSL e as Olimpíadas é o agrupamento do Havaí. Na liga de surfe, a ilha é considerada como uma nação, e surfistas representam a bandeira havaiana nas etapas. Nos Jogos, o Havaí é considerado parte dos Estados Unidos, fazendo com que mais competidores disputem uma mesma vaga. John John Florence e Carissa Moore, oriundos dos picos tubulares, fizeram parte da delegação norte-americana em Paris 2024. Afastados da atual temporada da WSL, devem retornar a tempo para lutar pelas primeiras posições no ranking e, consequentemente, uma vaga em Trestles.
O pico que será sede do surfe nos Jogos Olímpicos de 2028 está retornando como palco de etapa da temporada regular na WSL. Pela primeira vez desde 2017, surfistas da elite da liga vão disputar um evento profissional em Trestles. Naquela edição, os brasileiros Filipe Toledo e Silvana Lima foram campeões.