WSL: qual é o impacto das mudanças realizadas no CT para 2026?

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A WSL anunciou de forma oficial um novo formato para a temporada 2026 do Championship Tour. A liga promoveu diversas mudanças em relação a disputa do título mundial e muitas outras ao longo do ano, como o corte de pontos. No entanto, a etapa decisiva em Pipeline deixou os fãs intrigados e, ao mesmo tempo, confusos. O ENM analisa tudo sobre a estratégia do circuito mundial de surfe para o ano que vem.
A WSL optou por um retorno ao formato tradicional, que ficou consagrado na última década. Abrindo a temporada na Austrália em abril e finalizando-a em Pipeline em dezembro, a liga reorganiza a divisão do calendário, que havia se transformado em uma intensa corrida entre o final de janeiro e o início de setembro. Além disso, a exclusão do Finals agrada a maioria dos envolvidos, seja o público ou os competidores.
Por outro lado, a manutenção do corte do meio da temporada é contestável. A eliminação de parte dos surfistas passa a ocorrer após a nona etapa, no entanto, só se mantém ativa por duas provas. O evento final, em Pipeline, será disputado com todos os classificados do CT em 2026. Ou seja, a WSL decidiu eliminar os surfistas com poucos pontos, mas os convida a retornar no Havaí, mesmo que os pontos somados neste evento por quem caiu no corte não sejam considerados para o ranking. O grande problema é que um surfista já eliminado do ranking pode tirar a chance de outro que esteja disputando o título mundial em um possível embate em Pipe, o que seria catastrófico.
Os picos que recebem eventos da elite em 2025 serão exatamente os mesmos em 2026, com exceção a Gold Coast, que deve retornar a Snapper Rocks após uma crise climática no local. Com isso, a WSL começa a montar uma estrutura que permite que os atletas se adaptem aos eventos e não necessitem conhecer uma nova onda a cada ano, como aconteceu repetidas vezes nos formatos pós-pandemia. Mesmo com uma mudança significativa na ordem de cada calendário, a decisão de manter as etapas ajuda em uma elevação de nível das baterias.
Uma questão a ser observada no novo formato é a inclusão do corte em Trestles. Agora, nove etapas formam o caminho até a eliminação de parte dos surfistas, o que permite mais tempo para que todos façam boas apresentações e somem pontos. Comparando com 2025, o calendário de 2026 tem duas provas a mais até a varredura do ranking.
Obviamente, a exclusão do Finals faz com que a decisão do título mundial seja organizada por pontos corridos. A mudança deixa a WSL mais justa e acaba com a possibilidade de uma atleta que ficou na quinta colocação do ranking se torne a vencedora mundial no fim do ano, como Stephanie Gilmore fez em 2022. A temporada 2026 premia os atletas mais constantes ao longo de 12 etapas e os coroa possivelmente em Pipeline, caso o primeiro colocado não esteja definido até lá.
Pipeline volta a ter o prestígio que sempre teve no surfe. A ilha havaiana recebia o evento decisivo da temporada, no entanto, o formato de Finals em agosto ou setembro acabou com esta possibilidade. Embora não seja disputado por apenas cinco surfistas de cada categoria, o Pipe Masters tem uma enorme importância na decisão dos campeões mundiais e um peso ainda maior em comparação a outras etapas. Quem vence um evento com esta nomenclatura entra para a história do esporte, assim como quem se torna campeão mundial.
O histórico mostra que é extremamente raro que um competidor garanta a taça do ranking geral antes de chegar a Pipeline, então o evento valoriza tanto quem vence a bateria final no Havaí como quem é mais constante ao longo do ano. Normalmente, o campeão mundial precisa somar pontos em Pipe para confirmar o primeiro lugar. Em 2019, a WSL viu Pipeline ser palco do momento icônico entre Italo Ferreira e Gabriel Medina. Os dois brasileiros disputaram a final da etapa e, consequentemente, o título mundial vencido por Italo.
O caso trouxe mudanças significativas para a WSL. Depois da etapa havaiana de 2019, a liga decidiu introduzir o Finals que passou a decidir o campeão mundial em uma disputa entre apenas dois surfistas dentro d’água. O formato de 2026 ainda permite que a situação de 2019 se repita, algo admirado pela WSL, mas não resume um ano inteiro de eventos em apenas um dia de competição, como ocorreu nas últimas cinco temporadas.
A exclusão do round de repescagem acelera o processo das etapas do ano que vem. Quem ficar na terceira colocação de sua bateria será eliminado de forma direta, sem uma segunda chance. Essa formação será realizada em todas as etapas do CT da WSL em 2026. O fator negativo é que um atleta, teoricamente, precisa estar em um alto nível em todas as apresentações. Por outro lado, as duas piores pontuações de cada competidor no recorte das nove primeiras etapas serão descartadas.
A formação do calendário de 2026 é positiva para a WSL. Abrir o ano na Austrália, excluir o Finals, finalizar a temporada no Havaí e diminuir o impacto do corte são algumas das novidades que fazem a liga receber pontos importantes após anos de desconfiança dos fãs. Ainda assim, a empresa precisa esclarecer as dúvidas, principalmente, sobre a etapa de Pipeline. Não parece justificável a ideia de incluir em Pipeline quem caiu no corte como cerimônia comemorativa aos cinquenta anos de existência do surfe de competição. Mesmo assim, o cenário é animador e deixa a disputa aberta, equilibrada e emocionante.