SAF do Náutico: diretor da Pluri Consultoria esclarece dúvidas quanto ao processo

Em conversa com o repórter Victor Peixoto, Fernando Ferreira esclareceu pontos importantes relativos às negociações entre Náutico e Consórcio Timbu

Publicado em 13/03/2025 às 19:39 | Atualizado em 13/03/2025 às 23:52
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Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria, empresa que assessora o Náutico em seu processo de venda da SAF do clube, que está em negociações avançadas junto ao Consórcio Timbu.

Em entrevista exclusiva ao repórter Victor Peixoto, do Blog do Torcedor, Fernando esclareceu uma série de pontos referentes ao processo que envolve toda a operação da SAF alvirrubra.

Veja alguns dos vários pontos que foram tratados na entrevista:

  • Como se deu a abertura do processo de SAF do Náutico
  • Por que os investidores escolheram o Náutico?
  • O papel de Cafu no projeto
  • A complexidade e o tempo gasto na operação envolvendo o Náutico
  • Estádio dos Aflitos foi motivo de demora nas negociações?
  • Qual a impressão dos investidores com relação à reunião junto ao Conselho Deliberativo?
  • Qual a margem de adequação dos investidores às demandas do Conselho?
  • Como funciona o investimento de R$ 400 milhões? Serão usados recursos do clube?
  • Os investimentos podem superar a casa dos R$ 400 milhões em caso de sucesso esportivo (acesso à Série A)?
  • As garantias do contrato
  • Por que não há previsão de, especificamente, um gasto anual?
  • Gatilhos e obrigação de ter o "maior orçamento da Série C
  • O que os investidores entendem como sucesso esportivo além do retorno à Série A?
  • Antecipação da Due Diligence, processo de transição e prazo para efetivação da SAF

Entrevista na íntegra

  • Blog do Torcedor: Como se deu a abertura do processo para a SAF do Náutico?

Foram seis meses, a partir do começo de 2024, apenas de preparação para poder ir ao mercado com as respostas que o mesmo necessita para poder começar as conversas na direção de um investimento como esse e iniciar o processo de prospecção.

Nesse período, nós enviamos o projeto do Náutico para 151 potenciais investidores, sendo 32 do exterior e 119 do Brasil. 

Deste montante, foram enviadas 46 apresentações ao clube (alguns potenciais investidores realizaram mais de uma apresentação), sendo assinados 19 acordos de confidencialidade, dos quais resultaram quatro conversas mais profundas.

Dessas quatro conversas, uma foi encerrada antes da apresentação da proposta, duas tornaram-se propostas não vinculantes e uma se tornou a proposta vinculante atual, do Consórcio Timbu.

De todas as propostas não vinculantes, 100% delas desistiram por conta dos problemas financeiros e jurídicos do clube, que tem relação com a dívida da Recuperação Judicial, a dívida da transação tributária e a dívida das extraconcursais, que juntas somam aproximadamente R$ 280 milhões.

Essas dívidas precisam passar por um processo de redução para o que o clube seja viável e esse é um processo burocrático e demorado e que tem a possibilidade de que o resultado não seja aquele esperado pelo clube, o que gera um risco razoável (para os investidores), e sobre um montante muito alto, que fez com que alguns investidores desistissem de avançar com as conversas.

A partir de tantas negativas, nós percebemos que um investidor apenas não toparia o desafio sozinho e então partimos para o modelo de consórcio, similar ao praticado pela Pluri junto ao Botafogo-PB.

  • Blog do Torcedor: Existem vários clubes no País para se investir; por que o grupo de investidores (Consórcio Timbu) escolheu o Náutico?

Nós temos uma dezena de clubes clientes no mercado e acabamos entrando em contato com vários investidores e pessoas ligadas ao mundo da bola. Nosso papel é alinhar tais perfis com os dos clubes para  que isso evolua para uma negociação e, posteriormente, um acordo.

O Náutico, enquanto história, torcida e tradição é "bárbaro". É um clube forte e que desperta o desejo e interesse (dos investidores). Mas, uma vez virada a página, os olhares se voltam para os números e as coisas tornam-se mais complexas.

Além disso existe mais oferta do que demanda no "mercado de SAF". São 100 SAF já prontas no mercado e várias outras em busca de um investidor. Então o desafio era buscar um investidor que fosse capaz de resolver os problemas do Náutico e de tornar o negócio viável.

Os problemas do Náutico, como de qualquer clube, são de três ordens:

  • Infraestrutura (estádio e CT)
  • Gestão 
  • Dívidas

Este grupo de investidores (Consórcio Timbu) foi o qual identificamos como mais alinhado com as necessidades e demandas do Náutico e há oito meses vem se trabalhando nesta proposta (que foi entregue no dia 28 de fevereiro).

O Náutico é uma alternativa que sempre agradou aos investidores, o clube, sua história, sua marca é o grande atrativo que fizeram os investidores se dispor a mergulhar no processo para torná-lo realidade.

  • Blog do Torcedor: Qual o papel de Cafu no projeto?

O Cafu não é um investidor, ele é um sócio não investidor, num modelo semelhante ao de David Beckham no Inter de Miami, onde muitos pensaram que ele é o dono do clube, mas ele nunca foi.

O objetivo da presença dessas grandes figuras, do ponto de vista de negócio, é projetar e trazer para dentro do clube o pensamento dele de como deve funcionar o futebol a partir da vivência de alto nível que eles tiveram.

O Cafu tem muito a acrescentar para a estruturação futebolística do Náutico, assim como os outros nomes do projeto, que embora possam não ser conhecidas do "grande público", são reconhecidas e prestigiadas dentro do mercado.

Gabriel Franca / CNC
Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria, esteve presenta na reunião entre investidores do Consórcio Timbu e Conselho Deliberativo do Náutico - Gabriel Franca / CNC
  • Blog do Torcedor: Qual o motivo do adiamento na reta final para a entrega da proposta vinculante (prazo passou do dia 4 de fevereiro para o dia 26 do mesmo mês)? O período de elaboração da proposta foi padrão ou demorou mais que o comum?

Em casos de clubes com a complexidade do Náutico, é esse o tempo que se leva. O clube precisa resolver questões financeiras e jurídicas que são críticas e são situações que exigem mais tempo para garantir uma maior segurança e melhor gestão de riscos. 

Há operações que são mais rápidas, há, mas não é uma receita de bolo. Cada clube e cada investidor tem o seu perfil. Este grupo é um grupo que faz as coisas com muito estudo e com a devida cautela e, inclusive, acabam sendo até criticados por isso.

  • Blog do Torcedor: Tivemos e publicamos a informação que uma das razões para a demora no desfecho da proposta vinculante se deu em função do estádio dos Aflitos, a informação procede?

Não houve nada especificamente ligado ao estádio dos Aflitos que estivesse postergando as negociações. Eram questões normais dentro de uma proposta como esta e que precisavam ser atendidas, mas nada relacionado aos Aflitos.

  • Blog do Torcedor: Qual a impressão dos investidores da reunião com o Conselho e qual a margem de adequação a eventuais mudanças na proposta?

Aqui entramos numa situação um pouco mais complicada. Qual é a questão? Foi entregue uma proposta vinculante, mas ela não é a última etapa (do processo), a última etapa é o contrato.

A proposta vinculante estabelece um arcabouço em torno da proposição, mas ela não é o contrato efetivamente. Em situações normais, em outros clubes com que a gente trabalha, nós aprovamos a proposta vinculante, e veja bem, "proposta", não "imposição vinculante".

Isso significa que há espaço, obviamente, e o bom senso recomenda, que depois de todo os esforços feitos, que a proposta seja discutida. Nós ouvimos atentamente todos os contrapontos apresentados pelo Conselho (Deliberativo do Náutico) e dissemos a eles, com a presença dos investidores, que isso seria levado para uma rediscussão e uma reavaliação.

E isso tem que ser tratado de uma maneira muito objetiva. Os investidores sabem até onde o "calo deles aperta", o clube sabe o seu desejo e nós vamos tentar aproximar isso. Se vai ser possível? Eu não sei. O processo serve para isso.

O clube colocou questões que julga pertinentes e os investidores irão analisar todas elas. Eu não sei dizer quais pontos poderão sofrer alterações, mas certamente terão que ponderar e buscar criar condições para que a proposta possa evoluir. Se isso irá acontecer, não cabe a mim dizer.

Os investidores sabem onde está o limite deles e como isso fica em relação às outras alternativas que eles têm no mercado. A partir de um determinado momento eles podem passar a pensar que, para eles, o projeto do Náutico não é mais adequado.

Isso precisa estar claro para todo mundo. Há alternativas para o Náutico e há alternativas para os investidores. Cada um deve olhar para a proposta a partir de suas alternativas.

O Náutico deve olhar e pensar o seguinte: Se eu não fechar com esse investidor, qual é a minha alternativa?

  • Continuar do jeito que está, de que forma?
  • Buscar outro investidor. Qual investidor? Em que condições ele viria e em que momento?

Da mesma forma os investidores analisam suas possibilidades:

  • Eu fiz esta proposta, o que posso melhorar para atender os objetivos do Náutico?
  • A partir de que momento seria melhor buscar outras alternativas no mercado uma vez que não será possível atender as demandas do Náutico?

É isso que está colocado na mesa, essa duas realidades.

  • Blog do Torcedor: Como funciona o investimento de R$ 400 milhões? Ele é totalmente um aporte de dinheiro externo por parte dos investidores ou também conta com receitas geradas pelo próprio clube?

Só existem duas operações de SAF no Brasil em que houve um aporte de um valor determinado, "faça chuva ou faça sol" para a SAF: A do Botafogo, de R$ 400 milhões, e a do Vasco, de R$ 700 milhões.

Elas funcionam no seguinte sentido, os investidores se comprometem a colocar um determinado valor ao longo de um determinado período de tempo. E o que mais? Nada, pronto e acabou.

Eu digo que as condições com as quais o Ronaldo (Fenômeno) comprou o Cruzeiro são muito parecidas com a proposta feita (pelo Consórcio Timbu) para o Náutico.

O que o Ronaldo propôs? Eu vou investir até R$ 400 milhões, sendo até R$ 50 milhões de forma imediata, já que o clube estava "inviável", precisando desafogá-lo de toda aquela "confusão".

A partir dali criou-se uma métrica: Ou colocar R$ 400 milhões ou gerar R$ 400 milhões para o clube.

Se conseguir gerar os R$ 400 milhões, não se coloca R$ 400 milhões. Isso virou "regra" no mercado, todas as SAF funcionam neste modelo.

Você se compromete a incrementar o orçamento que existe. "Ah, mas vai usar a receita do Náutico? Sim, vai usar a receita do Náutico".

O Náutico desde que caiu da Série A, disputando Série B ou Série C está com a mesma receita "parada" há mais ou menos 10 anos.

Neste ano o clube vai ter R$ 20 milhões de receita, sendo de 14 a 15 milhões no futebol. Os investidores estão se comprometendo no mínimo com um incremento nesta receita.

Questiona-se que a receita que será gerada com o incremento seria alcançada com um eventual acesso à Série B. Ok, mas como se consegue o acesso à Série B? Investindo. Precisa investir para conseguir um acesso à Série B e depois para a Série A.

A questão é a seguinte: É preciso colocar dinheiro no clube para que ele possa destravar o seu potencial, que se continuar travado, vai minguando ao longo do tempo.

Os R$ 400 milhões são um valor mínimo em cima de um determinado projeto que se tem. É óbvio, e isso vale para todas as operações, que investidores e clubes negociarão os termos.

É importante frisar duas coisas:

  • Primeiro. Não existe ganho financeiro em um clube de futebol sem resultado esportivo. Não há nenhum caso de clube que vai mal dentro de campo e ganha dinheiro, isso não existe por que não pode existir. Além disso, ninguém ganha dinheiro na Série C do Campeonato Brasileiro, isso é da Série B pra cima. O que existe na Série C é despesa.
  • Segundo, a receita não vem antes do investimento. O investidor assumiu a gestão do Náutico hoje, amanhã ele não terá a receita de direitos de transmissão e cota de participação por que ele está na Série C, o patrocínio dele não irá aumentar por que ele está na Série C e tem contratos fechados. O torcedor não vai lotar o estádio amanhã e se tornar sócio sem uma contrapartida em campo, isso de dá ao longo do tempo.

Vender fábulas e ilusão ao torcedor não faz sentido. A receita ela não aumenta num primeiro momento, ela aumenta depois. O que aumenta, como em qualquer atividade empresarial, num primeiro momento, é o investimento.

Para gerar receita é preciso arrumar as coisas, qualificar melhor sua equipe, mudar o perfil do seu produto e tudo isso exige investimento. Antes de mais nada, num primeiro momento, o Náutico precisa de investimento.

E se você for bom em gestão, você vai fazer com que a receita atinja suas necessidades. O que o Consórcio Timbu está propondo é o seguinte: Se não atingir (os R$ 400 milhões em receita para o futebol) eu vou ter que fazer os investimentos (com aportes externos) necessários para tal.

  • Blog do Torcedor: Os R$ 400 milhões são um valor mínimo, isso significa que poderá ser gerado valores superiores a isso, sobretudo com eventual acesso à Série A. O que poderia ser considerado um valor "ideal" para configurar um sucesso para o projeto?

O valor de um investimento do Náutico em uma Série A seria muito maior do que os números que estão aí, mas muito maior, por que você vai estar na Série A.

A questão é que, quando você elabora um contrato você tem que se preparar para o pior e não para o melhor. 

É muito fácil você dizer que resolve-se os problemas chegando na Série A. Lá só a TV te paga R$ 60 milhões. Mas como se chega na Série A? Esse que é o problema. 

Como você sai do seu ponto de partida atual para chegar numa Série A? Essa é uma realidade difícil e que vai ficando mais difícil a cada dia uma vez que os problemas do clube permanecem e os teus concorrentes estão se preparando para cada vez mais.

Na Série C deste ano o Náutico terá Botafogo-PB, Brusque, Caxias, CSA, Guarani, Figueirense, Ituano, Londrina, Maringá, Ponte Preta e São Bernardo, que já são ou SAF ou estão em processo para se tornar uma, além de times como o Retrô. E são apenas quatro vagas.

Infelizmente, só camisa hoje não vence mais no futebol brasileiro. A gente tem visto clubes sem tanta tradição e investimento, mas que entregam. Mas se você conseguir unir clube de tradição e camisa com investimento você faz uma combinação poderosa.

  • Blog do Torcedor: Alguns conselheiros afirmaram que não há garantias no contrato. Como isso chegou aos investidores e como eles encaram isso? Houve um mal entendimento por parte deste grupo de conselheiros?

Existem 100 SAF no Brasil e foram construídos vários tipos de modelo de estruturação contratual, garantias e coisas do tipo. Esse é um assunto absolutamente comum neste tipo de operação.

No momento em que formos para os contratos, esses assuntos serão esmiuçados pelas equipes de advogados que chegarão a uma solução.

No período da proposta vinculante, esse assunto já é, obviamente, tratado. As partes das questões das garantias diz respeito ao que você está garantindo e é preciso o máximo de clareza por parte do clube e o Due Diligence vai entregar isso.

Qual o tamanho total da dívida do clube? Nós não sabemos quanto é o extraconcursal do clube, nós sabemos que ele é pesado.

Tem coisas que não foram pagas após a Recuperação Judicial, a RJ em si conta com incertezas e necessitará de aportes de recurso dos investidores para que ela se desenrole. O mesmo se aplica às transações tributárias.

Existem questões que precisam ser sanadas, principalmente no evento da Due Diligence, que estamos estudando a possibilidade de antecipar para que a coisa possa andar.

Durante a reunião com o Conselho, tivemos sugestões muito boas por parte dos conselheiros que ainda não haviam sido sugeridas. O clube precisa ter o seu conforto quanto às garantias bem como os investidores a sua segurança em relação ao risco.

É importante sempre lembrar que os investidores estão entrando nessa operação assumindo um risco e nosso papel é encontrar a proporcionalidade disso. É algo natural desse tipo de operação.

Tudo isso segue um processo, um rito. Algumas coisas podem ficar confusas para quem observa de fora sem todas as informações e acaba tendo impressões equivocadas, mas tudo está ocorrendo da forma como tem de ser.

Garantia é algo que está presente em todos os contratos desse tipo e certamente no do Náutico também estará. Além disso, outras figuras, além das partes envolvidas (Náutico e Consórcio Timbu), como a Procuradoria da Fazenda Nacional, também querem garantia. Todos querem garantia e o investidor quer reduzir o risco dele.

E isso não tem uma fórmula mágica, não existe uma "embalagem genérica", tudo isso se resolve na mesa de negociação.

  • Blog do TorcedorÉ em função dessa série de probabilidades que podem variar que não se coloca, por exemplo, a previsão de um investimento mínimo anual?

Claro. Nós sabemos em que divisão o Náutico estará no ano que vem? Alguns acreditam que se subir para a Série B irá fazer-se um investimento igual à Série C, isso não existe.

O que eu posso dizer é o seguinte. Os investidores, obviamente, tentam reduzir os riscos deles, isso é absolutamente natural em qualquer negócio, mas também, eles, mais do que ninguém, sabem que terão que fazer investimentos para aumentar suas chances.

Ninguém quer levar o Náutico para a Série C para cair para a Série B, o objetivo é levar o Náutico para a Série A.

Se não conseguir o sucesso esportivo, os investidores vão perder dinheiro. Se subir para a Série B e voltar pra C, vai voltar com um problema maior do que antes, estando com um time que demanda uma receita maior em uma divisão que não a atende.

  • Blog do Torcedor: E quanto aos gatilhos e obrigações como ter "o maior orçamento da Série C"?

Defina o maior orçamento da Série C. Ninguém sabe, ninguém tem acesso aos números de todos os times.

Esse tipo de proposta não está na mesa e não faz sentido, é um conceito completamente aberto e só gera "espadas" desnecessárias.

O Náutico precisa arrumar a casa, de pessoas preparadas para gerir o clube dentro e fora de campo. Precisa de uma reformulação bastante ampla e que coloque o clube em outro patamar, que o insira no mercado e nacionalize a marca.

O Náutico é um clube brasileiro com uma grande tradição e que precisa ser projetado nacionalmente. O período glorioso do Náutico foi enfrentando clubes grandiosos e batendo de frente nos Aflitos e lá na casa deles, isso precisa voltar. O Náutico precisa ser protagonista no Nordeste e figura central no futebol brasileiro. O Fortaleza conseguiu, por que o Náutico não poderia conseguir?

  • Blog do Torcedor: Para além de retornar à Série A, o que seria considerado um sucesso pelo grupo dos investidores?

Existem objetivos de longo prazo. Qual seria o lugar do Náutico? Um clube que volte à Série A e que dispute competições como a Sul-americana e até mesmo a Libertadores, por que não? Existem exemplos hoje que comprovam essa possibilidade.

A questão é que o objetivo de longo prazo é atingido a partir de uma série de objetivos de curto prazo que precisam ser sobrepostos. No caso do Náutico, eles são árduos, são duros e são realmente pesados.

A nossa maior preocupação hoje é que o clube precisa respirar, estar pacificado e que todos olhem para uma mesma direção, com todos juntos, com seus erros, acertos e correções, mas trabalhando para atingir os objetivos do clube.

O que não pode é continuar da maneira como está hoje. Falta de recursos, instabilidade e com mudanças de humor a cada jogo. Por quê? Por que não se tem uma perspectiva de longo prazo, há insegurança com relação ao futuro.

O torcedor renova a esperança em um jogo e o time perde mais dois e volta pro mesmo lugar, não é assim que se vive no futebol.

As receitas do Náutico estão estagnadas enquanto o futebol brasileiro está crescendo a taxas enormes. Por que isso? Por que o tempo está passando e o clube não está saindo do lugar enquanto os adversário estão se movendo proporcionalmente.

A média de crescimento de receita a partir dos balanços de 2024 em relação a 2023 foi da ordem de 26%. O mercado está andando e o Náutico está patinando. É isso tipo de mudança de perspectiva que o modelo de SAF permite trazer.

  • Blog do Torcedor: Em relação ao tempo, qual o período mais otimista que o torcedor pode esperar para a efetivação da SAF e, em sentido contrário, quanto tempo de demora pode fazer os investidores desistirem do negócio e buscarem alternativas?

O desejável é que a operação evolua dentro das limitações do Conselho. O Conselho tem ritos e prazos e eles precisam ser respeitados.

No que cabe a nós, é preciso adiantar a Due Diligence, que é a parte contratual, para que o processo como um todo possa ser encurtado.

No modelo atual você tem a proposta vinculante e ela precisa ser analisada pelo Conselho e pelas comissões para então haver a manifestação por parte do Conselho e ser colocada para a votação.

Pode ser que o Conselho decida não colocar à votação, essa é uma atribuição dele. Os investidores vão acatar o que o Conselho decidir, se a decisão for por não evoluir com a conversa, a conversa estará encerrada.

Se decidir por levar a votação, ele precisa fazê-lo, ter a aprovação e a assinatura da proposta vinculante e a partir daí teremos a Due Diligence e a elaboração do contrato.

O que os investidores estão fazendo agora é antecipar ao máximo possível a parte da Due Diligence e contrato para que isso seja possível de ser aprovado o mais rápido possível.

No entanto, essa parte é iminentemente jurídica, não há como se estabelecer, com certeza, um prazo.

O que podemos dizer com relação à torcida? Os investidores podem assumir antes desse período?

Eventualmente sim. Tendo-se as devidas garantias, estariam dispostos a antecipar esse processo e começar a operacionalizar a SAF. Mas isso é uma negociação e que envolve questões jurídicas.

O que posso dizer, neste momento, é que existe uma proposta e a bola está com o Náutico, que manifestou seus desejos e demandas em relação a proposta e aos quais os investidores tem a obrigação de dar uma resposta.

A partir do momento que se resolva essas demandas, o projeto será levado ao Conselho para ser aprovado, o que pode levar entre 20 a 30 dias.

Uma vez passado isso, viramos a página e passamos a ter um nível de segurança diferente para poder dar início a uma fase de transição, que é o nosso objetivo.

É uma proposta, daqui para o contrato, evoluções terão que acontecer. À medida que os investidores vão tomando conhecimento da situação do clube, as coisas vão sendo aperfeiçoadas, mais parceiros vão se juntando ao processo e assim vai se encaminhando.

O principal, neste momento, é que o clube tem uma proposta. Nós desejamos que cada um, tanto investidores, quanto o Náutico, avaliem as suas alternativas em relação a proposta que foi colocado para que possamos aproximar as demandas de cada um dentro do que for possível.

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