STJD classifica empurrão de Felipe Melo em assessor como "ato hostil"

Na derrota por 2 a 1 para o Atlético-GO, pelo Brasileirão, o jogador do Fluminense empurrou o assessor do clube goiano após um desentendimento.

Publicado em 03/07/2024 às 17:12

Felipe Melo, zagueiro do Fluminense, foi punido pelo STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva) com suspensão de um jogo por causa de um empurrão em Álvaro Castro, assessor de imprensa do Atlético-GO.

A ação do atleta, que ocorreu durante a vitória do Dragão por 2 a 1 em cima do Flu, no Maracanã, foi classificada como "ato hostil". Álvaro Castro também foi punido pelo STJD com 15 dias de suspensão.

Felipe Melo denunciado

O STJD denunciou o jogador em dois artigos do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJ): 254-A (praticar agressão física durante a partida, prova ou equivalente - pena: suspensão de 4 a 12 partidas); e 257 (participar de rixa, conflito ou tumulto, durante a partida, prova ou equivalente - pena: suspensão de 2 a 10 partidas).

No entanto, maioria do tribunal interpretou o episódio como um ato hostil, e não como uma agressão.

Devido a esse entendimento, a denúncia, antes classificada artigo 254-A, foi categorizada no 250. Já o 250 foi desclassificado para todos os envolvidos no julgamento.

Punição ao assessor do Atlético-GO

O assessor do Dragão foi punido por causa que invadiu o campo. De acordo com um dos auditores, se isso não tivesse acontecido, Felipe Melo não teria agredido-o.

A defesa do Atlético, o advogado Filipe Oliveira, classificou a decisão classificou como uma "inversão de valores".

Presente na audiência, Felipe Melo admitiu cometido um erro, mas afirmou que ter sido "tomado pela emoção".

Trecho do depoimento do assessor Álvaro Castro

"Eu fui tomado por uma emoção ao ver a equipe em que eu trabalho, a equipe que eu represento há cerca de anos, vence um jogo no maior estádio de futebol do mundo. Os jogadores reservas passam correndo, eu os acompanho, dou a volta e saio de novo e vou atrás já com o celular na mão. Em nenhum momento eu olho para provocar, eu olho para alguém para provocar. Fui tomado pela emoção de ver o meu time fazendo o gol.

Chama no Zap!

Receba notícias na palma da sua mão. Entre agora mesmo no nosso canal exclusivo do WhatsApp

ENTRAR NO CANAL DO WHATSAPP

No vídeo de 18 segundos que foi mostrado agora estou retornando ali, olhando já para o celular, já pensando no que vai ser postado, pensando no momento, porque esse é o meu papel como jornalista e representante do clube, é mostrar a emoção e os fatos bons e ruins do Atlético dentro dos jogos.

Eu estou ali meio atordoado ainda, andando para frente de novo entre a linha do campo e a linha pontilhada da área técnica, quando eu vejo, o juiz acaba o jogo até antes de eu pular, mas quando eu vejo que o juiz acabou o jogo, eu comemoro, não considero que isso tenha sido uma comemoração acintosa. Em nenhum momento foi para provocar. Respeito muito o Fluminense. Naquele momento não havia sequer lembrado quem era o adversário, para mim era uma vitória do Atlético no maior estádio do mundo.

Eu comemoro e, quando estou chegando na área de imprensa, onde eu faria a entrevista do jogador que tinha sido o melhor em campo, que no caso havia sido o Luiz Fernando, eu vejo que alguém joga alguma coisa em mim Na hora achei que era uma garrafa d'água, mas depois me falaram que era o GPS que os jogadores usam. Eu olho para o lado e sou covardemente agredido, empurrado, meu corpo estava muito leve pela tomada de emoção, então tem um chicote no meu pescoço, eu sinto meu pescoço doendo muito, eu ainda consigo dar uns passos à frente para não cair muito pesado no chão, eu caio e me machuco, depois quando eu olho para trás, vejo o atleta deles já me xingando, me ofendendo, eu arregalo o olho com medo, com muito medo pela situação e pergunto, meio que falando para ele: 'por que eu? Sou tão pequeno para você, em todos os sentidos, desde a minha alçada profissional até o meu tamanho'. Ele é muito maior do que eu. Nisso vem um outro membro do clube adversário e começa a me xingar e é nessa hora que eu também explodo. Aí começa uma discussão ali e vem um atleta do Fluminense, se não me engano o Ganso e diz: 'calma, ele foi expulso'. Foi basicamente isso que aconteceu.

Reitero que em nenhum momento provoquei. Estava muito feliz naquela situação, com a vitória do clube que eu represento e jamais quis ofender tanto o atleta, quanto a equipe adversária. Foi um momento de explosão e de muita felicidade. Para mim, especificamente, depois desse grande pesadelo que eu ainda estou vivendo diariamente na minha vida, com várias situações muito difíceis... Mas enfim, dentro de campo foi isso".

Trecho do depoimento de Felipe Melo

"Eu uso até das palavras dele, as minhas. Também fui tomado por uma emoção naquele momento. Não vou ser hipócrita. Não estou aqui para me fazer de vítima. E por ser tomado por essa emoção, eu me equivoquei, sim. Errei. Mas quero deixar bem claro que, em hipótese alguma, o agredi. Em hipótese alguma, falei palavras de baixo calão para ele. Pelo contrário. O que eu fiz foi empurrá-lo. Ele me viu, foi de lado. Não foi jogado nada nele. Ele sabia que eu estava chegando. O empurrei e falei: 'sai daqui'. E a todo momento, ele faltava respeito com a instituição Fluminense. E eu, como capitão da equipe, me senti desrespeitado, sim. E aquela área na qual ele fez aquilo ali, é uma área que, para nós ali, é muito importante. Em frente ao banco de reservas do Fluminense. Ele não faltou respeito somente com a instituição, mas com todos nós atletas que ali estávamos.

Eu já venci muitos jogos em último minuto. Inclusive clássicos na casa do adversário e jamais fiz isso. Jamais deixei que algum atleta meu fizesse qualquer tipo de coisa. Porque a gente sabe que o futebol é emoção. Então errei, de fato errei. Mas fui tomado por uma emoção muito grande naquele momento ali. Por saber que o atual campeão da Libertadores está passando por um momento muito difícil, vendo a torcida realmente vaiando a equipe e eles fazem essa falta de respeito. Foi o que aconteceu, foi o que ficou bem nítido.

Nenhum momento quis fazer mal a ele. Foi um empurrão que ele deixou o corpo se levar, mas em nenhum momento foi para machucá-lo, como entendo que não machuquei. Depois eu voltei, inclusive, para falar com um dos atletas dele. E não teve confusão depois, porque os atletas estavam conversando. Não teve dedo em riste, não teve empurrões. Tudo isso foi porque uma pessoa que não deveria estar ali, estava ali e faltou respeito com a instituição".


 

 

Tags

Autor