Medalhista olímpico, Gustavo Borges enxerga com otimismo o futuro da natação brasileira
Dono de dois ouros e dois bronzes para o Brasil na história dos Jogos Olímpicos, o ex-nadador esteve no Recife para realizar uma palestra
Medalhista olímpico, o ex-nadador Gustavo Borges esteve no Recife para realizar uma palestra privada nesta terça-feira (5).
Em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio e Blog do Torcedor, ele tratou com naturalidade o baixo desempenho da natação nos Jogos Olímpicos de Paris - o pior dos últimos 36 anos e sem nenhum pódio. Por outro lado, não escondeu que enxerga o futuro promissor para a modalidade.
Além disso, Gustavo Borges também abriu o jogo sobre o momento atual que vive profissionalmente. Após se aposentar das piscinas, atua como empresário, investidor e palestrante.
Aos 52 anos, deixou claro no discurso que ainda carrega a mesma motivação da época de nadador para o ramo atual.
Borges ainda frisou como é difícil acompanhar o filho Luiz Gustavo trilhando o mesmo caminho na carreira de nadador profissional. E, por fim, destacou o prazer que sente em mergulha atualmente em uma piscina, só que agora como um lazer.
No currículo, Gustavo Borges acumula duas medalhas de prata e duas medalhas de bronze na história dos Jogos Olímpicos. As pratas em Barcelona 92 e Atlanta 96, além dos bronzes em Moscou 80 e Sidney 2000.
Borges é considerado um dos principais atletas da história da natação brasileira. Ele também possui os feitos de ser o segundo maior medalhista em Jogos Pan-Americanos (18) e o terceiro com maior número de ouros em Pans (8), logo atrás de Hugo Hoyama, com 10, e Thiago Pereira, com 15.
Veja a entrevista exclusiva com Gustavo Borges
Futuro
Se olharmos para quatro anos, a safra é a que temos. Nos próximos dois, irão surgir alguns atletas que estão com 16, 17 anos. Em termo de faixa etária, esse é o grupo que vai gerar uma renovação e precisamos ficar de olho.
Não para a próxima, mas na outra. Hoje, os atletas entre 20 e 24 anos, a geração atual, são os atletas que estarão com 24 e 28 anos na próxima. Não existe bola de cristal para natação. Nesse mix, dos mais jovens e mais experientes, é preciso avaliar a evolução e desempenho de cada.
Com essa base e a renovação adequado, podemos ter um ciclo mais forte para os próximos jogos. Em Paris, tivemos resultados de pessoas jovens e maduras, que ainda possuem lenha para queimar.
Confederação
A função da CBDA é organizar as competições. Ela não faz o trabalho que o clube realiza. O grande promotor do esporte é o clube. O clube precisa ser amparado e ter uma boa gestão.
A confederação precisa ter um trabalho de captação de recursos para oferecer aos clubes as competições, o caminho. No clube, tem o pai, o gestor e os atletas. Acho que é o lugar de organizar para potencializar os novos talentos.
Esporte
Se a gente olhar de uma maneira geral, cada região do Brasil vive uma situação diferente. Existem muitas situações distintas. Acho que o incentivo do esporte dentro das escolas é o ponto em comum para incentivar o esporte de uma maneira geral no Brasil.
Só que isso não existe e foi até tirado por um tempo na grade curricular. Com uma força na educação e depois na família, existem os pilares dessa base. Claro, se for para o setor financeiro, claro que existe uma desigualdade. E isso é um problema.
Pai de nadador
Pai é pai, atleta é atleta. É mais fácil ser atleta do que pai. Você sofre, não tem o que fazer, só na torcida e incentivo. Acaba sendo uma relação diferença, com muita emoção. Dentro do esporte, existe uma concentração grande e você fica na sua. É duro para o pai e para mãe.
Empresário e palestrante
Minha grande mensagem é que existe uma conexão entre aquilo que você quer e o empreendimento que você está envolvido. A grande conexão entre as duas coisas é a força mental.
Independente de onde você está caminhando, começa com você identificando os elementos e trabalhando o cérebro para desenvolver as habilidades.
Tento implementar uma mensagem dos sonhos possíveis e impossíveis nas cabeças das pessoas para que elas sejam protagonistas, ousadas e persistentes no trabalho.
Papel atual
Se você pegar os quatro pontos de performance que trago no palco, é pensamento de longo prazo, trabalhar com excelência, capricho e consistência, começo, meio e fim, e ação imediata, é possível destrinchar cada um deles para um plano desenvolvimento pessoal ou empresarial.
É possível fazer uma conexão entre preparação e disciplina, que isso só se faz com rotina. E, na hora que você enxerga que a vida de um atleta é como empresa, ele cuida do caixa, do faturamento e do resultado.
Ou seja, o dia a dia, o acumulo de provas e as medalhas. Trago isso para o palco em um formato simples e com exemplos que tive no esporte.
Futuro
Meu futuro profissional está em construção. Vou fazer 52 anos e parece que estou chegando agora. É incrível como cada vez mais que você estuda, conversa, busca conhecimentos, enxerga um universo gigante pela frente.
Eu invisto em empresas que acredito, na área de suplementação e desenvolvimento pessoal, por exemplo. Gosto muito de empreendedorismo e ajudar as pessoas.
Natação
Ainda nado de vez em quando. Nado pouco, mas a natação na minha vida precisa de uma organização diferente. Eu saio de casa e vou para musculação: está resolvido.
Se eu for para piscina, tem um alongamento, banho depois, é um pouco mais demorado. Natação, agora, para mim, é um esporte de verão. Chega o final do ano e é a minha época de natação. Então, nado uma ou duas vezes por semana.
A natação agora virou um lazer, é super bacana, nadar e sentir o corpo relaxado.