Confronto entre organizadas de Santa Cruz e Sport tem bastidores revelados

Um membro da Torcida Jovem do Leão (antiga Jovem do Sport), detalhou a movimentação da torcida rubro-negra antes, durante e depois o conflito nas ruas

Publicado em 03/02/2025 às 16:55
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Passado os acontecimentos do último final de semana, em que membros de torcidas organizadas do Santa Cruz e Sport causaram o terror nas ruas da Região Metropolitana do Recife, alguns relatos de dentro dessas próprias torcidas acabaram circulando nas redes sociais.

Um desses relatos, apurado pela própria reportagem, detalha o que seria um roteiro a ser seguido por torcedores da organizada rubro-negra, buscando emboscar membros da organizada tricolor ainda antes das escoltas chegarem na Rua Real da Torre, na Madalena e na Torre, onde imagens de brigas viralizaram.

Segundo esse relato, os membros da Torcida Jovem do Leão foram "cobrar" os membros da Explosão Inferno Coral por estarem "marchando" na Avenida Caxangá, onde "apenas a Jovem marcha", como diz o texto. Havia a suspeita, por parte dos rubro-negros, que a torcida do Santa Cruz iria invadir a Ilha do Retiro.

Veja também: Relatório da Polícia Civil sobre briga entre torcidas organizadas faz revelação surpreendente

O relato ainda conta da diferença numérica entre as torcidas. Os membros da torcida do Sport, com em torno de 150 pessoas e, entre essas, "cerca de 50 caras bom de briga", estavam confiantes no embate, já que também portavam explosivos.

O grupo de torcedores rubro-negros teriam ido, em passos rápidos, rumo à Madalena, buscando encontrar os tricolores. Após 30 minutos de caminhada, o embate aconteceu na Real da Torre, com a Inferno Coral em maior número e com a Jovem "cansada" do percurso percorrido antes do confronto.

Também é relatado que um dos membros da organizada foi atingido por uma bomba caseira, jogada pela torcida tricolor, além de outros torcedores rubro-negros "pegos", enquanto outros se esconderam dentro de "loja, banca de jogo, restaurante, barbearia e afins".

Veja o relato completo do membro da organizada do Sport

Recuperado de tudo o que aconteceu, passando o parecer do que aconteceu. A inferno veio em caminhada da Av. Caxangá, onde nunca haviam pisado antes. Se reuniram 07:00 e formaram um bloco de pelo menos 400 pessoas, tem um vídeo deles na ponte e dá pra ver isso. A Caxangá é muito próxima da ilha do retiro, e os comentários eram de que eles iriam tentar invadir a ilha.

A gente tava em 150 cabeças, no máximo, na ilha. Nossa linha tava boa, cerca de 50 caras bom de briga. Por erro de planejamento, emoção e empolgação pra “cobrar” a fita da bateria ou até mesmo pra não deixar os caras marcharem na caxangá, avenida que somente a jovem marcha, os cabeças decidiram ir de encontro com a caminhada deles.

Nos encontramos com eles na real da torre, mas já próximo a Av Cosme Viana. Fica a mais ou menos 30 minutos andando da ilha do retiro. Rapaziada foi andando em passos rápidos pra conseguir chegar antes e estar preparado pro primeiro embate.

Chegamos bem dizer na mesma hora, a polícia tava em número ínfimo e tentou segurar o bonde dos caras, mas não conseguiu e eles furaram o bloqueio. Esse foi o primeiro momento da briga, estávamos com duas girândolas e poucas caseiras. Ganhamos esse primeiro momento.

Quando as bombas acabaram, continuamos avançando e aí que perdemos a briga. Uma caseira deles atingiu o rosto do Th…, que conseguiu sair correndo e posteriormente foi resgatado, o mano tá com risco de perda de visão parcial de um olho. Alem disso, não tava podendo se aproximar de torcida por ordem judicial, e por ter descumprido, vai pra cadeia novamente. Deve pegar uma cana pesada.

Também foi o momento que pegaram o nosso primeiro, um menino de 17 ou 18 anos que tava impedidasso e empolgado, correu muito e não teve fôlego pra recuar, que é o vídeo onde um deles segura o bonde dizendo que salvou a vida dele. Não sei ao certo a idade de Maj…zinho, mas é nessa faixa.

Daí pra frente foi só atraso. Imagina ter que correr 2, 3km já cansado e tendo atrás de você um bonde revigorado e com motos na caça? Foi aí que pegaram todos, um por um. Moleque magro, com fôlego pra dar e vender teve que tentar pular grade e não conseguiu por conta de cansaço. Pra tanto que só teve 1 gordo que ficou fudido, de resto só rapaziada com condicionamento físico, e ainda assim não aguentou. Em resumo, quem não se escondeu ficou de exemplo.

Teve um parceiro que entrou numa loja de tintas e entrou um da inferno atrás dele, dentro da loja trocaram porrada e o nosso mano derrubou o da inferno, mas não conseguiu desmaiar. O cara saiu correndo e voltou com um bloco, não tinha mais pra onde o mano correr e virou lanche.

Teve mano se escondendo em loja, banca de jogo, restaurante, barbearia e afins. Pegaram menino de 16 anos, nosso bonde tava totalmente despreparado e com falha de logística. Nossa Zona Sul chegou com 200 cabeças uns 20 minutos depois que a briga acabou. A Zona Norte nem cogitou chegar a tempo, por racha de oposição e situação. Só chegou Paulista.

Se tivéssemos feito uma logística inteligente, poderíamos até ter perdido, mas não seria feio como foi. Nossa gestão infelizmente vem pecando em planejamento há um tempo e se pode citar 300 exemplos, mas nada disso é desculpa.

Em contrapartida, a inferno deu uma aula de planejamento e esse bonde “Mano a Mano” levantou o nome da torcida. Fizeram algo nunca feito antes e um trabalho de 1 ano que ninguém nunca na história havia feito na inferno. É de se tirar o chapéu, e hoje eles vivem a melhor fase deles. Por outro lado, vivemos a nossa pior.

Pior de tudo é a cena relembrada na cabeça de muitos que ficaram no chão, em momentos de avanço comemorando, sorrindo, gingando, e ao mesmo tempo, a raiva de uns mongolóides que tavam filmando, fazendo live e foram os primeiros a correr. Tivemos 12 hospitalizados, e mais uns 30 machucados de guerra, sem ferimentos graves.

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