SAF do Náutico não agrada parte dos membros do Conselho e alterações podem ser pedidas

O Náutico recebeu no dia 28 de fevereiro, a proposta vinculante para venda de 90% da SAF do clube ao Consórcio Timbu. A aprovação desse projeto, contudo, pode não ser tão imediata como o torcedor imagina.

Uma vez recebida a vinculante, o projeto será submetido ao Conselho Deliberativo do clube e, se aprovada, à Assembleia de Sócios.

Conselho Deliberativo não se agrada com proposta vinculante

Ao longo do último fim de semana, circularam prints onde o ex-candidato à presidência do clube, Alexandre Asfora, se mostrou desgostoso com o projeto e deu a entender que seria contrário à aprovação da mesma do jeito que está. Ou seja, seria necessário alterações.

No entanto, Asfora não é o único membro do conselho alvirrubro desgostoso.

O repórter Victor Peixoto, do Blog do Torcedor, teve acesso a informações de que outros membros do Conselho Deliberativo também estariam desagradados com a proposta recebida.

Dentre os membros desagradados, está um dos que esteve em São Paulo no começo de fevereiro para participar das negociações envolvendo a SAF.

Segundo ele, que não foi a pessoa que nos cedeu essas informações e que, portanto, não terá seu nome revelado, após aquela reunião o mesmo não teria recebido mais novidades da SAF até o recebimento da vinculante.

Após se deparar com a proposta final, o mesmo afirmou que não houve melhora nos pontos que o desagradavam e que, no que depender do mesmo, a proposta, do jeito que está, "dificilmente será aprovada".

Segue os pontos criticados pelo conselheiro

Abaixo, os pontos que teria desagrado o grupo de conselheiros. Lembrando que esses dados não foram oficialmente divulgados pelo executivo do clube, ou pelos investidores, no ato da assinatura da proposta vinculante.

• Os R$ 400 milhões que foram divulgados como exclusivos para o futebol contariam com o dinheiro gerado pelo próprio Náutico, que, segundo o conselheiro, não gera menos de 250 milhões em 10 anos, mesmo na Série C.

• Se o investidores não atingirem a meta dos R$ 400 milhões depois de 10 anos, a pena é perder parte proporcional da participação na SAF, mas que seguiriam como majoritários.

• Não haveria previsão de investimento anual mínimo.

• Apenas R$ 46 milhões de dívida tributária seria assumida pelo Consórcio e este valor já estaria na conta dos R$ 400 milhões, o que configuraria um investimento de fato de R$ 354 milhões.

• Não ficou claro como será o pagamento e se usariam o dinheiro do próprio clube para o pagamento do restante da dívida.

• Os investidores não assumiriam nenhuma responsabilidade pela Recuperação Judicial do clube, que seria resolvida pelo mesmo.

• Haveria a previsão de venda de parte do terreno do CT (algo não utilizado pelo clube), que iria pra SAF. Sendo 37 hectares transferidos para a SAF. Apenas a parte operacional ficaria com a associação.

• Projeto imobiliário sem número de investimento e incerto, sem parceiros ainda com um compromisso dos investidores em relação ao básico de reforma, que não tem valores estipulados e nem projeto.

• Falta de detalhamento de projeto de valores e de garantias para a reforma dos Aflitos e do CT.

• Contrapartidas de aluguéis a associação não definidas pra uso dos equipamentos do clube.

• Proposta da SAF assinada teria sido assinada apenas por Fransergio, não havendo a assinatura dos outros membros do consórcio.

• Cafu e Tiago Ribeiro não viriam a Recife (de maneira fixa) para participar da gestão e Fransergio seria a figura principal na gestão da SAF.

• Não teria sido apresentada nenhuma garantia em relação aos investimentos.

Ainda segundo o conselheiro, uma comissão do conselho pontuou todos os pontos descritos acima em em uma reunião feita em São Paulo e que não houve muita alteração em relação ao que constava da proposta não vinculante.

Segundo foi apurado, o mesmo afirmou o seguinte: "Sem mudanças, não vejo como ser bom para o clube".

O que dizem outros membros do conselho

Em outros pontos da apuração foi afirmado que há uma demonstração de preocupação por parte de membros do conselho de que a torcida tenha receio de que o debate sobre a SAF se torne um debate político e não sobre a SAF em si.

Um outro conselheiro, que compõe a Comissão de Projetos Estruturantes, reforçou que, mais do que "simplesmente" aprovar ou reprovar a proposta, o conselho terá a oportunidade de ter uma participação efetiva no processo e de mostrar o que aceita ou não.

Ele sugere que a resposta do conselho à proposta possa ser nos seguintes moldes:

Sim, desde que o investidor:

• Apresente garantias a serem definidas pelo conselho
  
• Garanta um investimento mínimo anual de valores definidos pelo conselho

Em caso de adequação, o projeto seria aprovado e seguiria para a Assembleia de Sócios. Caso não, o clube buscaria um novo grupo de investidores.

O projeto, segundo o comunicado do clube, prevê um investimento superior ao R$ 1 bilhão, sendo minimamente R$ 400 milhões exclusivos para o futebol, além do pagamento de dívidas e um projeto de reestruturação física do clube, o que envolve os Aflitos e todo o seu complexo bem como o CT Wilson Campos.

Procurada pela reportagem, a assessoria do executivo do Náutico disse não comentar assuntos do Conselho Deliberativo. 

Quanto ao Conselho Deliberativo, esta reportagem procurou oficialmente representantes do mesmo por um posicionamento, mas até o momento não obtivemos sucesso.

O Blog do Torcedor reitera que este canal está aberto para eventuais manifestações.