Coluna do Escrete: Prata resgata o futebol feminino e legado de Marta

Marta merecia encerrar sua passagem na seleção brasileira com uma medalha de ouro no currículo, mas a prata serviu para resgatar o futebol feminino

Publicado em 10/08/2024 às 20:49

È lógico que o torcedor queria que o Brasil ganhasse o ouro, que seria o primeiro do futebol feminino, mas a prata conquistada por Marta e companhia tem o seu valor na história da modalidade e serve para resgatar uma imagem que vinha bem desgastada, inclusive ameaçando o legado gigantesco que Marta tem, com seis conquistas de Melhor Jogadora do Mundo.

A prata nos Jogos de Paris traz de volta ao futebol feminino um caráter de protagonista da modalidade. Protagonismo esse que foi perdido nos últimos anos com a evolução do esporte. Times europeus como Espanha, França e Alemanha investiram e passaram fácil o Brasil, que demorou a investir.

Menos mal que a CBF enxergou o próprio erro e, mesmo que ainda de forma tímida, começou a investir no futebol feminino. O resultado não veio na Copa do Mundo do ano passado, quando a seleção foi eliminada ainda na primeira fase, mas chegou agora na Olimpíada. Foi com drama e superação, é verdade, mas veio e é isso que importa.

È um resultado que traz tranquilidade para o trabalho do técnico Arthur Elias e para as jovens jogadoras que estão nesse jovem elenco, como a goleira Lorena, que jogou no Sport no passado. Tranquilidade que é necessária pela ausência de Marta a partir de agora. A melhor da história não seguirá mais com a seleção e trará uma pressão extra por resultados. Mas essa pressão seria ainda maior sem a prata de Paris.

Além disso, a medalha faz com que a Rainha, como muitos a chamam, saia por cima da seleção. Seria muito cruel para uma jogadora que foi eleita seis vezes melhor do mundo, foi vice-campeã mundial e duas vezes medalha de prata com o Brasil sair na primeira fase de uma Olimpíada em sua última participação com a seleção.

Menos mal que o futebol não deixou isso ocorrer e Marta conseguiu sua terceira medalha olímpica. Ela sai por cima e deixa um legado enorme que serve de referência para as futuras meninas de várias regiões do Brasil.

Que muitas garotas como a nordestina Marta possam surgir no País. Inclusive aqui em Pernambuco, celeiro de tantos craques no masculino. Já voltamos a contar com a presença do Sport na Série A Feminina do ano que vem. Por que não sonhar com a revelação de uma grande craque aqui em terras pernambucanas? Sonhar não custa, assim como não custou para Marta, a que deixamos o nosso obrigado.

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