SAF Santa Cruz: "Super folha", reforma do Arruda e compra de CT, veja investimentos possíveis com R$ 1 bilhão
Tricolor oficializa sua SAF com grupo de investidores mineiros, que investirão R$ 1 bilhão em 15 anos para reestruturar o clube e quitar dívidas
Uma nova era para o Santa Cruz! Nesta segunda-feira (13), o clube oficializou, por meio de suas redes sociais, um acordo para instauração da SAF (Sociedade Anônima de Futebol) do clube, adquirida por um grupo de empresários mineiros encabeçado por Vinícius Diniz e Márcio Cadar.
O acordo prevê a compra de 90% das ações do Tricolor do Arruda e o investimento de ao menos R$ 1 bilhão a serem feitos por 15 anos, um prazo superior ao de 10 anos especulado anteriormente.
Além disso, o grupo de investidores, em sua proposta, assumem todas as dívidas do clube, estimadas em R$ 305 milhões.
O acordo firmado, ainda, é de caráter vinculante, ou seja, ambas as partes (clube e investidores) assumirão obrigações e pagarão multa caso desejem desfazer o acordo.
Segundo informações do repórter João Victor Amorim, da Rádio Jornal, além de investimentos no futebol do clube, o acordo estipularia uma reestruturação patrimonial do clube, envolvendo uma reforma do Arruda e a compra de um novo CT.
Agora, resta às partes realizar o procedimento de duo diligence, que envolve a troca de todas as minutas do contrato.
De acordo com o novo estatuto, alterado em 2022, a instauração da SAF não carece de apreciação no Conselho e/ou em Assembleia Geral de Sócios, podendo o presidente, no caso Bruno Rodrigues, estabelecer a SAF de forma direta.
Possíveis investimentos com a SAF de R$ 1 bilhão
Mas, o torcedor tricolor quer saber? O que é possível fazer com R$ 1 bilhão?
Primeiramente, é importante entender que esta matéria trata-se de um exercício de imaginação e projeção.
Os detalhes que envolvem um procedimento como a SAF são vários e só iremos ter real noção das mudanças, e dos tamanhos das mesmas, que serão implementadas no Santa Cruz não apenas após a divulgação detalhada da SAF, mas ao longo da sua execução em si.
Dito isso, vamos às projeções:
Pagamento de dívidas
Talvez a parte mais importante da SAF em seu princípio. Para ter segurança jurídica e assumir compromissos de longo o prazo, o Santa Cruz precisará gozar de saúde financeira e isso passa diretamente pela liquidação de seus débitos.
Como dito, a dívida tricolor gira na casa de R$ 305 milhões. O valor não deve ser pago à vista, já que representaria quase um terço do investimento total do clube.
Em contrapartida, a instauração de uma SAF poderá dar aos credores do clube maior segurança de receberem os devidos valores, podendo costurar acordos que facilitem e até abatam valores a serem pagos pelo Santa Cruz, algo similar ao que aconteceu com o Sport, que conseguiu uma redução de mais de 72% em partes de suas dívidas através de Recuperação Judicial.
Reforma do Arruda e compra de novo CT
A reforma do Arruda pode se dar em várias instâncias. Sendo conservador, o clube gastaria ao menos R$ 10 milhões, valor investido pelo Sport na reforma da Ilha do Retiro realizada em 2024, para fazer uma reestruturação simples no estádio, que trará maior conforto e segurança ao torcedor, mas que não representará uma grande modernização.
Se seguir pelo segundo modelo, de uma modernização mais "agressiva", os gastos muito provavelmente ultrapassariam a casa do R$ 150 milhões.
Mais uma vez utilizando o Sport como referência, o projeto de Retrofit da Ilha do Retiro está orçado em R$ 170 milhões se considerada apenas a área do estádio (o projeto total, envolvendo a sede e demais dependências do clube gira na casa dos R$ 620 milhões).
Um novo CT envolveria, primeiro, a compra de um novo terreno e depois, a construção do mesmo. Como referência, o CT do Retrô, de 16 hectares, é avaliado em R$ 60 milhões.
"Mega folha salarial e grandes contratações"
Para este exercício, colocaremos os "pés no chão". Primeiramente, não sabemos se o Santa Cruz conseguirá e, caso consiga, o quanto conseguirá em abatimento de dívidas.
Segundo, não sabemos a proporção das obras de reestruturação do Arruda e construção de um novo CT, portanto, não poderíamos cravar qual percentual dos R$ 1 bilhão seriam destinados para tais ações e quantos ficariam "livres" para investimentos no futebol do clube.
Se fôssemos estimar os gastos com dívidas, reformas e construção de CT em R$ 400 milhões, sobrariam para o Santa Cruz o valor de R$ 600 milhões.
Se diluídos em 15 anos, isso representaria uma receita anual de R$ 40 milhões livres para investir em contratações e salários.
Segundo o site "Marcou no Esporte", a maior folha da Série C 2024 pertenceu ao Tombense, que gastava R$ 1,2 milhões mensais.
Tal valor representaria um gasto anual de R$ 14,4 milhões, o que deixaria R$ 25,5 milhões de margem para o clube em seus dois primeiros anos caso desejasse ter uma folha salarial de topo tendo como referência as duas divisões inferiores do Campeonato Brasileiro, que obrigatoriamente teria que disputar mesmo com 100% de sucesso em suas campanhas.
Atualmente, o gasto mensal tricolor está orçado em R$ 650 mil e, portanto, dobraria.
É claro que o exercício acima é apenas isso, um exercício. A compra da SAF pode atrair mais investidores e mais recursos para o clube, bem como a evolução do mesmo pode atrair maiores receitas proveniente de bilheteria, assinaturas de sócio e venda de produtos.
Além disso, é importante frisar que os investimentos são feitos de forma gradativa. Não é por que o clube tem R$ 1 bilhão para gastar que este gasto será feito de uma vez ou de forma igualitária (R$ 40 milhões em todos anos).
É mais sensato imaginar que o clube seja mais modesto em seus primeiros anos, disputando divisões inferiores, e amplifique os investimento a medida que for atingido sucessos esportivos.