SAF do Náutico: Debate envolvendo os Aflitos ainda é ponto importante na negociação, que segue
Reestruturação física do clube é ponto mais sensível da negociação e travam assinatura mesmo após consenso envolvendo investimento no futebol
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O torcedor do Náutico ainda segue no aguardo de mais notícias do avanço da negociação de sua SAF. O Timbu segue em conversas com o chamado "Consórcio Timbu" para receber uma proposta vinculante para adquirir a Sociedade Anônima do clube. O prazo de 15 dias úteis ainda segue aberto.
Segundo apuração do repórter Victor Peixoto, do Blog do Torcedor, que antecipou em primeira mão os detalhes da negociação, as negociações devem seguir e novidades são prometidas para a próxima quarta-feira, dia 26, totalizando 15 dias úteis a partir do anúncio feito pelo clube.
O motivo de mais conversas? Um debate envolvendo o Estádio dos Aflitos, ponto mais sensível nas negociações desde o início.
Nota do Blog: Inicialmente essa matéria foi publicada informando que uma reunião realizada nessa quarta-feira acabou sem acordo, mas que a negociação seguia. Tal encontro não teria ocorrido, segundo atualizações com fontes ouvidas no clube. Assim, o conteúdo foi atualizado.
Impasse envolvendo Aflitos é crucial para assinatura da SAF ainda não ter acontecido
Conforme adiantado na reportagem anterior, a proposta que está na mesa da diretoria alvirrubra é de um investimento de R$ 400 milhões por 10 anos exclusivamente para o futebol.
Essa parte está pacificada e não é mais alvo de conflito entre as partes envolvidas, sendo uma questão de pequenos ajustes para que o acordo seja selado.
Contudo, conforme informado, além dos R$ 400 milhões, o acordo envolve também uma reestruturação do patrimônio do clube, o que envolve, resumidamente, o Estádio dos Aflitos e o CT Wilson Campos, além do pagamento das dívidas.
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Consórcio quer modernização, membros da alta cúpula alvirrubra desejam preservar os Aflitos
De um lado, o Consórcio Timbu deseja capitalizar ao máximo o uso do estádio alvirrubro, do qual teria a gestão por 10 anos num contrato similar ao firmado por Palmeiras e WTorre no Allianz Parque.
Nesse sentido, a atual estrutura do estádio é um obstáculo.
Com capacidade para cerca de 20 mil torcedores, o estádio não se adequa aos planos de expansão pretendidos pelos investidores.
Com poucos lugares disponíveis, o Estádio dos Aflitos esbarra em três problemas:
- Baixa arrecadação na bilheteira
Com poucos lugares à disposição, a capacidade de arrecadação por jogo seria limitada e o aumento do "ticket médio" dos ingressos poderia afastar o torcedor dos jogos. Um preço acessível, em contrapartida, não "fecharia" as contas para tornar o investimento vantajoso.
- Expansão limitada do plano de sócio-torcedor
Por mais apaixonada que uma torcida seja, a relação entre clubes e torcedores também é comercial. Com vagas limitadas, seria pouco vantajosa a assinatura de planos de sócio para uma grande quantidade de torcedores.
Vamos supor que o Náutico atinja 40 mil sócios, menos da metade deste total conseguiria comparecer ao estádio em partidas de maior apelo, considerando a carga reservada para torcida visitante.
Portanto, a expansão de uma arrecadação fixa seria limitada. Pagar por um serviço que poderia não conseguir utilizar com frequência limitaria a atratividade do produto.
- Dificuldade para realizar grandes eventos
Seguindo o mesmo princípio, não seria interessante realizar grandes eventos nos Aflitos se mantida a estrutura atual, seja pela sua capacidade reduzida, mesmo considerando o uso do gramado para comportar parte do público.
Diante disso, um projeto de Retrofit seria insuficiente para abarcar tais demandas devido à complexidade da atual estrutura, considerando os prédios ao redor, sem falar no Country Club.
Pelo contrário, considerando obras que deem mais conforto ao torcedor, a tendência é que a capacidade diminuísse, já que áreas com arquibancadas passariam a comportar assentos, por exemplo.
As soluções apresentadas seriam duas:
- Demolição dos Aflitos e construção de um novo estádio no mesmo local
A ideia seria mudar completamente a configuração dos Aflitos. Além do estádio, seriam demolidas também a área das quadras e das piscinas, sendo preservadas apenas a área do casarão e da sede administrativa.
Desta forma, a nova arquitetura do estádio permitiria uma maior capacidade e maior conforto ao torcedor, mas desagrada parte da alta cúpula dos Aflitos, que deseja preservar ao máximo a estrutura original.
- Construção de um novo estádio na área do CT Wilson Campos
O CT alvirrubro contempla uma área enorme, parte da qual sequer é utilizada pelo Timbu. Inclusive, o Náutico cederá parte do CT para venda para quitação das dívidas.
O problema nesta área são dois. O primeiro, uma nova saída dos Aflitos, que desagradaria uma parte mais conservadora do clube e um receio em repetir o que aconteceu com a Arena de Pernambuco, não sendo atrativa para os torcedores devido à sua distância do "centro urbano".
Sem acordo quanto aos Aflitos, investimento se torna impreciso
Como adiantado, o valor total do investimento da SAF alvirrubra pode chegar a R$ 1,2 bilhão, sendo os R$ 400 milhões exclusivos para o futebol, R$ 250 milhões para o pagamento de dívidas (Recuperação Judicial pode diminuir tal valor) e o restante para reestruturação física.
De um lado, os investidores não querem se comprometer com uma quantia x e esbarrar em imbróglios que dificultem a maximização dos resultados financeiros e, do outro, o Náutico não quer abrir mão de sua identidade e correr riscos similares à época da Arena Pernambuco.